quarta-feira, 4 de abril de 2007

1.000 em uma noite

As noites escrevem histórias nas estrelas, mesmo quando as nuvens tóxicas emitidas pelos automóveis insistem em encobri-las.

E para compor uma dessas histórias saiu enfim um dia para se perder na temporalidade, ansioso pelo inesperado, busca não sabia o que em um lugar qualquer, nessa cidade imensa não seria difícil alcançar seu objetivo.

Embarcou na viagem insólita. Feliz, empolgado e um pouco assustado, tinha a certeza que se entregaria ao destino que não costuma seguir os vetores regulares da vida cotidiana. Ouvia som alto rindo das previsões feitas ao seguir do caminho.

Olhando pela janela as luzes e pessoas excitavam seu âmago no anseio de viver uma realidade fictícia, pressupôs por um instante o perigo, mas logo relaxou. A cada quilometro rodado a música parecia se tornar mais alta as pessoas presentes mais ansiosas o momento de se revelar a noite estava ali.

A chegada é esperada, se ergue com o sorriso e gestos que demonstravam todos os anseios guardados nas calçadas passadas, caminha enfim para o coma que o ar noturno convida. Entra no antro que lhe trará para revelações, decepções, emoções, enfim, uma miscelânea de sensações.

Toma posse de sua bebida, acende um cigarro e tenta desenhar na fumaça toda a beleza do ato, do fato, do acontecido. Olhando bocas, pernas, mãos, o movimento constante da rapidez que despeja naquele ambiente segredos diários mascarados pela luz negra que ressalta o branco da alma.

A dança e os movimentos dominam seu corpo, brinca, pula, canta até o momento crucial, a música parece desaparecer junto com todas as outras pessoas, um incrível olhar captura sua atenção sente as pernas tremulas e as mãos frias, porém, o desejo é maior que o medo, se dispõe ao flerte, sorri, demonstra todo seu interesse.

Passo a passo se aproxima, chega tão perto que consegue sentir o perfume da doce dama se sobrepondo aos odores do ambiente, o primeiro contado é estranho ambos retrocedem a infância esquecida e engasgam as palavras, riem da própria timidez adorando o momento, trocam coincidências, costumes, alegrias se olham fixamente no olho um do outro ao som de alguma música que pareça ideal. Pega na mão dela acaricia seu rosto, aproxima-se dos seus lábios e vive o êxito da conquista, apaixona-se na loucura noturna que se cala.

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